terça-feira, 27 de abril de 2010

EDITORIAL: “Se o povo não quer justiça não adianta reclamar da Justiça”

Por Júnior Miranda

Estamos acostumados com a justa reclamação dos brasileiros em relação à impunidade e a lentidão do poder judiciário. Quantos casos absurdos de pessoas que cometem crimes e que passam anos sem serem julgadas. Quantas famílias têm seus entes queridos mortos e vêem os processos se arrastarem anos a fio.

Contudo, mais injusto que a demora nos julgamentos pelo poder judiciário é ver a população, por incrível que pareça, não punir atos covardes de pessoas que participam de crimes, mesmo que em grau menor, se é que pode ser descrito dessa forma, quando se tem nas mãos o poder de corrigir tais pessoas, ainda que levemente, através dos meios legais, a exemplo do júri popular.

Qual mensagem se passa quando um júri popular absolve determinado ato de covardia? O que falar, então, para a imensa maioria de uma população frustrada com tal decisão? A mensagem transmitida a essa população frustrada é que podemos ser covardes com os outros.

Lembremos do caso da Irmã Dorothy, brutalmente assassinada no Pará por pistoleiros a mando de um fazendeiro da região. O júri condenou o ato do pistoleiro, mas o mesmo júri absolveu, no segundo julgamento, o fazendeiro Bida, mandante do crime. Quem é mais criminoso? O pistoleiro por ter atirado a queima-roupa contra a Irmã Dorothy ou o fazendeiro mandante do crime?

Lembremos ainda de Guilherme de Pádua. Ator que matou covardemente a atriz Daniela Perez com golpes de tesoura. Querendo demonstrar seu “arrependimento” tornou-se evangélico na cadeia. Mas, por que não quis terminar os anos de sua pena original na cadeia? A melhor atitude de arrependimento de Guilherme não seria cumprir todos os anos previstos na sua condenação mesmo tornando-se evangélico, católico, ou o que quer que seja? E ainda vem dar de bonzinho no programa do Ratinho?

E tu Belém? Quantos casos de injustiças percorrem as veias de tua história recente? Se tu Belém, que foste covarde até com teu ilustre filho, o ex-prefeito Lula Firmino, assassinado brutalmente, por inveja e pura maldade, e tu ainda absolveste os mandantes do crime, imagine com um dos teus filhos “comuns”? É este o exemplo que queres dar aos teus filhos? Até quando te acovardarás ao poder?

É corriqueiro os pais afirmarem que os erros dos filhos devem ser corrigidos desde a infância, mesmo sendo pequenos erros. Pois, se não corrige os pequenos erros na infância, não adiantará reclamar quando o filho cometer erros maiores posteriormente. Outro ditado popular também diz que errar é humano, mas não quer dizer que este erro deva ser aceito sem reservas. Deve-se haver um mínimo de correção.

Como o ser humano é contraditório! Reclama da lentidão na justiça, da impunidade, e aceita covardias e mais covardias. Se o povo não quer justiça não adianta reclamar da Justiça.

Podem ter absolvido determinado ato, mas não poderá “absolver” a imagem da covardia presente no ato. Essa imagem não poderá ser "absolvida" porque ela está e estará impregnada nos rostos dos que cometeram tais atos pelo resto de suas vidas.

Um comentário:

Severo/SP/PB disse...

Junior, parabéns!

Você fez uma abordagem sensacional dos fatos que há anos vem sendo tratatado superficialmente por todos nós. Porém, é louvável sua atitude de coragem, imparcialidade,coerência e muita vergonha na cara, ao abrir "os olhos" dos "mares de omissões" que mergulharam os nossos cidadãos politicos ou não. Forte abraço! continue sempre assim, para que um dia Belém, crie mais vergonha na cara e sinta muito orgulho de você... valeu!

Clicky Web Analytics